11 / 11 / 2025 - 13h37
Operação identifica "franquia da agiotagem" no PI com dinheiro vindo da Colômbia
 
 
A Operação Macondo, deflagrada nesta terça-feira (11) pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), revelou a existência de uma espécie de “franquia” voltada para a prática de agiotagem em várias cidades do estado. O esquema seria financiado com recursos vindos da Colômbia e contava com a participação de estrangeiros, principalmente colombianos e venezuelanos, que ofereciam empréstimos com juros abusivos, que ultrapassavam 30% ao mês, a pequenos comerciantes e trabalhadores informais.
 
De acordo com o delegado Yan Brayner, diretor de Inteligência da Polícia Civil, o grupo operava de forma organizada e contava com estrutura padronizada em diferentes municípios. Ao todo, 13 pessoas foram presas nas cidades de Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca. Dois seguem foragidos.
 
"Eles já eram cooptados para fazer essa atividade específica aqui. O dinheiro vinha da Colômbia, era disponibilizado para os agiotas colombianos e venezuelanos aqui e esses repassavam para pequenos comerciantes que infelizmente não têm acesso ao crédito formal em instituições financeiras", explicou o delegado.
 
Yan Brayner detalhou que os agiotas estrangeiros recebiam todo o suporte necessário para atuar no Brasil e que o funcionamento do esquema era replicado em várias cidades.
 
"Esses indivíduos funcionam como uma espécie de franquia. Uma vez cooptados, o patrão proporciona moradia, transporte e alimentação desses indivíduos em território nacional. Quem substitui aquele tarjeteiro que ficava em determinada cidade passa a usar o mesmo veículo, morar no mesmo local e ter a mesma estrutura do seu antecessor. Ou seja, a gente conseguiu mapear a existência de uma verdadeira franquia voltada para a agiotagem aqui no Piauí", destacou.
 
Segundo o delegado, os empréstimos eram controlados em pequenos cartões que registravam valores e prazos de pagamento. As cobranças, porém, eram marcadas por violência e ameaças contra as vítimas.
 
"Eles faziam esse controle em pequenos cartões, mas [as vítimas] sabiam da consequência do não pagamento desses empréstimos. Eles quebravam a banca da feira do comerciante, subtraíam produtos que estavam à venda. Então era com emprego de violência e grave ameaça que faziam a cobrança desses empréstimos, afirmou Brayner.
 
Os criminosos divulgavam os serviços por meio de cartazes e panfletos afixados em áreas comerciais, especialmente nas regiões centrais de cidades como Teresina, Parnaíba, Barras, Oeiras, Floriano e Água Branca.
 
"Eles ofereciam os serviços desde cartazes que estão afixados, principalmente na região central da cidade, dentro do shopping popular e nas principais zonas comerciais de Teresina, Parnaíba, Barras, Oeiras, Floriano e Água Branca", completou o delegado.
 
O delegado Roni Silveira, coordenador da Força Estadual Integrada de Segurança (FEISP), explicou que os valores emprestados variavam conforme o perfil das vítimas, com pagamentos diários e juros variáveis.
 
"O valor era aquele que o cliente quisesse pegar. A gente tem nos cartões apreendidos valores que começavam em R$ 200, e esses pagamentos eram diários, pequenas frações pagas diariamente. Nos cartões na casa de um dos alvos, os valores começavam em R$ 200 e iam até R$ 1.500 para pagamentos diários. Mas a gente tem anotações em cadernos que foram apreendidos com valores maiores, prazos diferenciados e uma prática de juros também diferenciada. Então, a gente tem uma variedade", destacou o delegado Roni Silveira.
 
A polícia informou que pretende ampliar as investigações para identificar os principais financiadores do esquema e não descarta a possibilidade de que o dinheiro utilizado nos empréstimos tenha origem no tráfico de drogas.
 
"A intenção é escalonar a operação para a gente conseguir identificar o principal remetente do dinheiro oriundo da Colômbia para o Brasil. A gente não descarta a possibilidade de o dinheiro que eles utilizavam para fazer os empréstimos ser oriundo do narcotráfico", afirmou o delegado Yan Brayner.
 
Operação Macondo
 
A operação deflagrada nesta terça-feira (11) teve o objetivo de cumprir mandados judiciais contra suspeitos de integrar um esquema de agiotagem, lavagem de dinheiro e outros crimes. A ação ocorreu simultaneamente em Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca, resultando no cumprimento de 15 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão, além do bloqueio judicial de R$ 5 milhões em contas ligadas aos investigados, conforme decisão do Poder Judiciário.
 
De acordo com as investigações, o grupo era formado majoritariamente por estrangeiros da Colômbia e da Venezuela. As vítimas eram obrigadas a realizar pagamentos diários ou semanais, sob constante pressão. Há relatos de desaparecimentos e até suicídios de pessoas que não conseguiram quitar as dívidas impostas pelo grupo.
 
Fonte:Cidadeverde.com
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