O Departamento de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do Piauí, indiciou os influencers Maria Vitória Silva de Sousa Lima (conhecida como DJ Latina Gold), Domingos da Silva Ferreira (DJ Loboox, companheiro de Maria Vitória), Nayanna da Silva Fonseca e Nathalya Thercia Carlos Ribeiro pelos crimes de organização criminosa, exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e indução de consumidor a erro, no bojo da Operação Jogo Sujo III, deflagrada em 25 de setembro em Teresina. Todos são suspeitos de atuarem como divulgadores de plataformas ilegais de apostas online, especialmente os populares aplicativos conhecidos como “jogo do tigrinho”, prática proibida no Brasil.
De acordo com o inquérito policial, os influenciadores utilizavam suas redes sociais para promover plataformas de apostas sem autorização legal, estimulando seus seguidores a se cadastrarem por meio de links personalizados. Em troca, recebiam comissões e bonificações, além de vantagens oferecidas pelas próprias plataformas, como viagens internacionais, carros de luxo e pagamentos mensais.
A investigação apontou que o conteúdo divulgado tinha como objetivo induzir o consumidor ao erro, ao fazer parecer que os ganhos financeiros exibidos pelos investigados eram fruto direto das apostas, criando falsas promessas de enriquecimento fácil. Vídeos e postagens ostentando bens de alto valor eram utilizados como ferramenta de convencimento, mesmo sem qualquer comprovação de ganhos legítimos.
Grupo estruturado com tarefas divididas
Segundo o DRCC, o grupo fazia parte de um esquema estruturado, com divisão de tarefas clara e conexão com operadores estrangeiros. O inquérito aponta que empresários chineses seriam os verdadeiros donos das plataformas ilegais, que recrutavam "gerentes" que, por sua vez, contratavam influenciadores para promover os jogos no Brasil.
Relatório do COAF revelou transações superiores a R$ 30 milhões ligadas a fintechs e plataformas de jogos de azar
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) revelou um amplo esquema de movimentações financeiras suspeitas que ultrapassam os R$ 30 milhões.
As movimentações, consideradas atípicas para o perfil financeiro dos indiciados, não foram justificadas com documentos ou registros fiscais. O padrão de transações, aliado à ostentação pública de bens de alto valor, levou a polícia a concluir pela prática de lavagem de dinheiro, com uso dos ganhos ilícitos para aquisição de veículos, viagens e outros ativos. Os indiciados, segundo a investigação, utilizavam empresas interpostas e uso de fintechs para dissimular a origem e o destino dos valores. As investigações apontam para uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro perpetrada por Maria Vitória Silva de Sousa Lima, Domingos da Silva Ferreira, Nayanna da Silva Fonseca e Nathalya Thercia Carlos Ribeiro.
Maria Vitória: R$ 14 milhões movimentados e elo com empresas investigadas pela CPI das Apostas
A influencer Maria Vitória Silva de Sousa Lima, segundo o COAF, movimentou mais de R$ 14 milhões entre 2023 e 2024 por meio de contas em diversas instituições de pagamento. O relatório indica a presença de depósitos de fintechs ligadas a jogos online, como CASH PAY, Viatech Bank, Kendo Serviços Digitais e BRGABE — algumas delas com sócios já investigados por fraudes e convocados à CPI das Apostas Esportivas.
Fonte:GP1